quarta-feira, 22 de abril de 2020

Encontro no Poço | Viajem no meu jardim

Que alegria de podermos nos encontrar mais uma vez no Poço de Madre Mazzarello. Tem sempre muita sabedoria que vem das suas palavras. Uma sabedoria ligada à experiência de vida simples, ordinária, conectada com a natureza e sensível a tudo o que o povo daquela época vivia, sofria, mas também festejava e celebrava. Vamos lá, fazer uma viajem, no vilarejo Mornese onde morava Main, assim era apelidada pelos seus amigos.

Mornese é uma terra forte e árida, aberta ao sol e ao vento, onde se cultiva o trigo, e os vinhedos se alternam com pinheiros e pequenos bosques, um ambiente típico de gente camponesa, amante da terra, das próprias tradições; de gente sem pretensões. Mazzarello trabalhava na vinha e conhecia quanto suor e calos nas mãos para que a terra produzisse um bom fruto, para que a videira desse um doce cacho de uva.

Quando viajo pelo interior do Brasil, sobretudo na nossa região, encontro outra paisagem, igualmente bonita. Admiro as plantações de cana, de laranja, de café e algodão. Parece que nesta terra, toda semente que caie, nela germina. Brasil é muito fértil.

Ha um tempo comecei, assim como Mazzarello, dedicar mais tempo ao plantio. Plantei alfaces, rúcula, salsinha, cebolinha e semeei flores. Vocês sabiam que o trabalho com a terra melhora muito a paz interior, a delicadeza do trato, a percepção do belo, a responsabilidade no cuidar, a paciência de uma espera esperançosa?

Madre Mazzarello um dia escreveu a uma missionária, mas vale para todos: “Pense que os seus defeitos são a tiririca do seu jardim; é preciso humilhar-se e combate-los com coragem”. Ninguém é perfeito; “então, humildade, confiança e alegria”.

Concluo desejando uma ótima jardinagem!
E até próxima quarta-feira.



quarta-feira, 15 de abril de 2020

Encontro no Poço | A casa do Amor de Deus


Meus queridos amigos, tudo bem? Celebraram com alegria a Páscoa do Senhor? Bem-vindos no nosso segundo Encontro no poço. Este ano foi inaugurado no INSA uma réplica do Poço de Mornese, em comemoração aos 125 anos do Colégio e da presença salesiana em Araras. O Barrão de Araras conhecendo Dom Bosco e Madre Mazzarello doou o prédio ás Irmãs salesianas para que funcionasse como uma escola. No início, só estudavam meninas, foram apenas 22, em três salas. Com o passar do tempo, como o INSA cresceu!

Foi assim também em Mornese. O nosso primeiro Colégio contava com uma dúzia de irmãs ás quais, lentamente, juntavam-se as alunas que completavam a Comunidade Educativa. Na porta da entrada foi colocada uma placa que dizia: “Esta é a casa do amor de Deus”!
Todos os que passavam por aí gravavam estas palavras no coração. Foi esta a proposta educativo-pastoral: viver na casa uma relação amável, uma acolhida fraterna, a proximidade com Deus, a ternura e atenção para com todos, principalmente para as mais pobres. Na casa reinava a simplicidade, humildade, dialogo, vida de piedade, amizade. E todas as integrantes queriam-se muito bem. Era realmente a Casa do Amor de Deus.

Muitos alunos, pais, ex-alunos e também visitantes nos dizem que no INSA respiram uma paz especial, sentem-se acolhidos, como em casa, em família. Isso é muito bonito! Esse é o clima propicio para o desenvolvimento humano e cristão das crianças, adolescentes e jovens. É um ambiente que favorece a formação de um caráter sensível e decidido capaz de se comprometer com a vida em todo sentido.

E aí, reflita um pouco comigo. Qual nome você daria à sua casa? Neste tempo de quarentena posso aproveitar para construir um ambiente afável na minha casa. Colocar o alicerce de paz, levantar os muros da fraternidade, as janelas do olhar positivo, as portas da esperança no futuro, o teto do amor e das bênçãos de Deus. Mas sobretudo, em nenhuma casa salesiana não pode faltar o cimento de alegria, pois é o sinal da presença de Jesus Ressuscitado. “Estejam alegres, e procurem fazer com que todos os outros estejam alegres”. Está é a recomendação da Madre Mazzarello.

Até quarta-feira.




quinta-feira, 9 de abril de 2020

Encontro no Poço | O sabor da agua

Olá meus queridos amigos, estamos nos encontrando no poço, semanalmente toda quarta-feira, para um bate papo salesiano. Assim como fazia nos seus tempos Madre Mazzarello, no Colégio de Mornese, na Itália. Aí no pátio há um poço, pois naquela época todos iam pegar a agua lá: para beber, cozinhar, lavar a roupa e se encontrar. Era um lugar social e comunitário. Madre Mazzarello se sentava à beira do poço para um encontro com as alunas durante o recreio.

O Poço foi testemunha de muitas conversas, confianças, alegrias e até de lagrimas derramadas quando alguma situação apertava.

Naquela época não existia celular, computador, nem televisão, mas todos sabiam que existia um espaço de encontro, de escuta, de partilha reciproca. O encontro era olho no olho, de coração a coração. Quando esse encontro pessoal não era possível Madre Mazzarello dizia: “Encontremo-nos no coração de Jesus”.

Pense comigo: Você ama se encontrar com as pessoas? Hoje precisamos reaprender nos encontrar também fisicamente, para além de celular e de outras mediações. Você tem alguma pessoa com a qual conversa, chora, divide suas alegrias, pede conselho?

O poço também simboliza a interioridade. Ele no seu fundo conserva a agua fresca e potável. Para alcançá-la você precisa ter um balde. Mais a fundo vai, melhor é a agua. Qual é o sabor da agua do meu poço? Que balde eu uso para atingir o profundo do meu ser: silencio, reflexão, Palavra de Deus, dialogo, a troca de ideias, ...

Estamos na Semana Santa. Acompanhemos Jesus de perto nos seus encontros, vivendo com ele a Paixão, Morte e Ressurreição. “Com Jesus, os pesos se tornam leves, os cansaços suaves e os espinhos se convertem em douçura...”recomendava a Madre Mazzarello.

Uma abençoada Semana Santa! E até quarta-feira.








segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Mais um ano novo!




Foto: Rafael Mollica

Novo ano nos é dado. É todo puro, novo, inocente, como uma criança. Ao Deus seja o nosso louvor. Este ano abre um espaço vazio na nossa frente, para ser preenchido, completado, para nós o pintarmos com diferentes cores, escolhermos as melodias, pessoas, acontecimentos, festas, desafios e contamos também com as dificuldades. 

Em primeiro lugar, não é importante o que o ano novo nos traz, mas o que nós fazemos dele. É semelhante a moldura de um quadro, que teremos um ano para pintar. Um quadro, possivelmente de cores alegres, claras, mas onde não podem faltar porções escuras, pois um quadro sem sombras não existe. 

Desejo então as boas escolhas, desde o começo. Um ano na historia mundial é um ano de pequenos fatos que acontecerão a cada um de nós.  É uma migalha de tempo até chegar a Eternidade, e a nossa Eternidade dependerá também de nossas escolhas e pequenos fatos vividos neste ano de 2017. Gostei das três escolhas que um jovem fez e publicou no seu mural do Facebook. Assim escreveu: “Prometo que em 2017 vou respeitar os limites de velocidade, não vou faltar na faculdade e vou tomar 2 litros de água todo dia”!

Deus nos está presenteando com mais um ano para que com ele façamos alguma coisa bela, nobre, bondosa, então assim será valioso.


Antiga Bênção Irlandesa

Que o caminho seja brando a teus pés,
o vento sopre leve em teus ombros.

Que o sol brilhe cálido sobre tua face,
as chuvas caiam serenas em teus campos.

E até que eu de novo te veja,
Deus te guarde na palma de sua mão.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Perguntas que retornam


Como encontrar Deus?


É Deus quem me procura. Ele é o primeiro que veem ao meu encontro. Está certeza me enche sempre de muita, muita tranquilidade, paz e alegria interior. Quando abandono a ideia que a iniciativa de encontrar Deus é, sobretudo minha, ai fica mais fácil. Assim me liberto das expectativas, imaginações e em fim até da ideia como e quando acontecerá o encontro com Deus. Acho que a palavra chave é GRATUIDADE. Ser e viver grata para tudo o que está ao meu redor. Devagar me liberto de mi mesma e começo perceber que Ele é ONIPRESENTE e eu só preciso deixar-me encontrar. Como? Purificando a mente dos pensamentos ruins, limpando o olhar negativo e abrindo o coração para a beleza.  Assim sempre encontro o Amado da minha vida, nas coisas mais banais e mais simples desse mundo: nos gestos gratuitos de uma irmã, na folha seca que caie da árvore, Deus me fala nos Salmos, no silencio quando viajo, encontro-O na música, quando medito a vida das pessoas, sobretudo dos jovens que acompanho e sempre fico surpreendida pelas maravilhas que Deus faz na vida deles.

Mas existe também o outro lado, o meu esforço de FIDELIDADE para desejar encontrar o Amado da minha vida. Assim como Madre Mazzarello falou as primeiras missionárias. Não deixe que o fogo se apague, tente cultivar o dialogo, a partilha, a escuta e persiste talvez em longos espaços de silencio, se for necessário. Crê que o Amado está sempre contigo e tu Nele. Prepara se bem para o momento da Eucaristia e vive-o disponível o dia inteiro. 


Foto: MAK



Como fazer uma experiência com Deus, dentro da rotina de missão e trabalho salesiano?  


Começa SANTIFICAR (apreciar, oferecer a Deus) cada gesto, palavra, olhar, pensamento, ação desde o primeiro momento de dia. Tudo para Sua maior gloria e salvação dos jovens. Então tudo se torna importante, tudo adquire mais significado. 


Eu faço durante o dia alguns breves EXAMES DE CONSCIÊNCIA: como fiz os meus compromissos, com que espírito, quais tentações me assaltaram? Isso me ajuda sempre a readquirir a sintonia e ligação interior com o Amado. Peço ao Espírito Santo que me aconselhe, ilumine e guie. Procuro relacionar-me com o Amado em modo muito natural – interiormente dialogo com Ele, faço o discernimento, e assim por diante. 

Foto: MAK 

Como adquirir uma interioridade e encontrar o silêncio na nossa rotina agitada?

Este sim é sempre um grande desafio! O maior, eu acho! Pois nos somos as religiosas de vida ativa, mas devemos ser sempre CONTEMPLATIVAS NA AÇÃO. Temos que ir contra a corrente. Isto não significa isolar se do mundo, mas ser no meio do mundo pessoas capazes de silencio e contato interior com Amado. Eis o famoso conselho para viver a vida equilibrada em tudo: nisso para nós consiste a santidade. Aqui me lembro de um texto que no passado escrevi e que acho útil. 

Foto: MAK 


Para finalizar

A busca de Deus vai enfrentar, segundo minha experiência, estas dinâmicas: PROCURAR, ENCONTRAR, PERMANECER e PERDER DEUS! E de novo procurar, encontrar,...

Pois a nossa vida é um caminho contínuo, uma aventura esplêndida. Deus sempre é novo, diferente, nunca igual, também nós somos seres em continua transformação. Desejo que você sempre procure, encontre, permaneça, mas também possa “perder” Deus, para encontra-Lo e descobri-Lo sempre mais belo, imenso, maravilhoso. 


Foto: MAK 


domingo, 24 de abril de 2016

Terras missionárias

As surpresas de Deus acontecem e existem. Foi uma grande surpresa a possibilidade que tive de visitar as Terras do Uruguai, local aonde chegaram as primeiras missionárias das Filhas de Maria Auxiliadora no continente Americano.

Passei por Montevideu, Vila Colón, Las Piedras e encontrei o vivo espírito missionário em nossas irmãs do Uruguai. Fiquei impressionada em ver ainda hoje a simplicidade, a essencialidade dos ambientes e a presença viva do carisma salesiano.

Neste lugar começou o espírito missionário que se espalhou pelo continente americano. Neste lugar começou a chama do espírito missionário que até hoje anima e chama.

A experiência reavivou em mim o DNA missionário, este dom precioso que fortemente bateu também no coração de Madre Mazzarello e que continua a bater no coração das missionárias. Sinto muita gratidão pela oportunidade que tive de poder encontrar-me também com a ir. Mira, visitadora da Madre Geral que está visitando a inspetoria do Uruguai.

A Madre Yvonne na sua Circular n.° 959 escreveu:
“Desde as origens do Instituto o Senhor chamou muitas Irmãs para que deixassem sua terra e saíssem para comunicar a boa notícia do Evangelho nos Países que Ele indicava. Nossa Família religiosa não seria o que é hoje, se não tivesse havido, ao longo da sua história e com uma continuidade extraordinária, esse grande e admirável impulso missionário.
Quando Jesus chama, é importante responder-lhe e dar apoio à generosidade de cada Irmã que se sente chamada à missione ad gentes e encorajar toda jovem que pretende fazer uma experiência missionária.
Não deixemos morrer o fogo no coração dessas pessoas! É tempo de reavivá-lo hoje, porque os pobres não podem esperar!
O presente mais bonito que me podem dar é enviar uma vocação missionária ad gentes. E não se trata de um presente para mim, mas de um contributo para o crescimento do Reino de Deus”.